segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Uso da Informática na Educação

Compartilho um pequeno artigo que escrevi na conclusão do curso de extensão em  Metodologia e Didática do Ensino Superior, do qual participei final do ano passado na Faculdade Anhanguera de Jaraguá do Sul.
 
O computador surgiu na década de 40, momento em que o mundo estava em guerra. Sua função principal era fazer cálculos complexos, feitos sob pressão de tempo e com máxima precisão possível, para que fossem criadas poderosas armas ou que fossem descobertos códigos secretos do inimigo. Após a guerra, tal instrumento deixou de ser privilégio da alta ciência e do exército e passou a fazer parte de um universo mais amplo como dos negócios, da pesquisa industrial e universitária. No início da década de 60, surgia a idéia de usar o computador também na educação, embora ainda não existisse software apropriado.
Nos anos 90, houve uma proliferação dos computadores, o que permitiu que este fosse usado em todos os níveis da educação. No entanto, isso não significa que a sua utilização tenha provocado ou introduzido mudanças pedagógicas; poucas são as instituições de ensino que realmente sabem explorar as potencialidades do computador e criar ambientes que enfatizam a aprendizagem. Para que o computador seja utilizado em sala de aula de maneira significativa é importante que sua utilização esteja subordinada a fins e objetivos relevantes para o ensino e para o desenvolvimento da aprendizagem e também às necessidades de professores e alunos.
A informática na educação pode apresentar grandes contribuições para o alcance dos objetivos pedagógicos, pois a sua utilização adequada estimula a criatividade e desenvolve as habilidades de pensamento, comunicação e estrutura lógica. A informática torna-se assim um grande agente motivador para o processo ensino-aprendizagem. Segundo Lévy (2004) há novas maneiras de se pensar e de se conviver desenvolvidas através da informática, já que ela possibilita uma relação mais intrínseca entre escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem.
O computador, diferentemente dos demais meios de comunicação, permite habilidade de apresentar, de receber, de processar e de gerenciar informações. Esses atributos estão de alguma maneira relacionados com os processos envolvidos na aprendizagem do homem, pois facilitam a organização das experiências num todo consistente, ajudando a classificar, agrupar e conservar as mesmas.          Além disso, ele é uma ferramenta que possui potencial para produzir novas situações e, por este motivo, pode ser utilizado como um instrumento em que o aluno amplia o seu potencial intelectual.     
Para obter bons resultados com a utilização de computadores na educação, o professor deve definir a metodologia, os objetivos que pretende alcançar, além de ter consciência de qual será o seu papel ao usá-los. Neste contexto, a verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isso significa que o professor deixa de ser o ‘repassador’ do conhecimento e passa a ser o criador de ambientes de aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno. Papert (1994) diz que o professor deve dar apoio ao aluno para que este construa suas estruturas cognitivas, e para que ele não tenha a falsa visão de que o professor é o único detentor do conhecimento. Este apoio se resumiria a não dar respostas prontas, mas respostas que estimulem o aluno a pensar.
O professor também deve avaliar e selecionar materiais, como o software educacional para ser usado em aula, adequando-o ao plano de ensino proposto. Ele precisa levar em conta se os objetivos educacionais vão ser alcançados de forma efetiva ou não.
Assim, quando o professor usa o computador (e o software escolhido por ele) com habilidade em sala de aula, este adquire um valor educativo muito eficaz, auxiliando o aluno a pensar e a elaborar as atividades de maneira lógica e com possibilidades de diversificar a estrutura do conteúdo ali veiculado. Mas se as metodologias que o professor usa na informática não forem transformadas, esse instrumento será um mero recurso técnico sem qualquer contribuição ao aperfeiçoamento no processo ensino-aprendizagem. Portanto, para se trazer a informática ao processo educacional e de ensino, deve-se atentar mais à elaboração de métodos e procedimentos didáticos para que o uso de tal ferramenta se torne o mais produtivo possível.
Com o uso do computador o processo ensino-aprendizagem pode se transformar em um processo dinâmico, sendo que o aluno torna-se o construtor do seu conhecimento e o professor o facilitador do processo de aquisição de conhecimento. Assim, através do computador o aluno aprende a buscar, a usar, a exercitar a capacidade de procurar e selecionar informação, além de resolver problemas e aprender independentemente. Deste modo, a educação na era da informação exige um novo paradigma, pois as atividades mais importantes passam a ser: pensar e analisar, inferir e interpretar, ao invés de decorar, copiar, descrever e contar.
Mas apesar de todas as vantagens que as ferramentas computacionais podem proporcionar, algumas restrições devem ser consideradas quanto ao seu uso. Além de somente usar os programas que o computador oferece, todos os usuários deveriam ter um conhecimento básico sobre a estrutura e funcionamento das máquinas, para não acontecer desses verem o computador como um ente de verdades incontestáveis. O aluno deve conhecer um pouco sobre o funcionamento dos computadores para entender que ele não é imune a falhas e ainda, deve aprender a interpretar criticamente os resultados dados pelos programas de computador.
Os professores, nessa (nem tão) nova concepção de educação tecnológica, precisam refletir sobre como será a metodologia de ensino, que tipo de informações podem ser tratadas e quais serão os objetivos e valores a serem enfatizados no fazer pedagógico do dia a dia em sala de aula. Como citam Santos et al (2010): “não basta dominar a técnica, é preciso mudar a pedagogia”. Feita essa reflexão antes da elaboração dos planos de aula, o uso da informática tornará as aulas mais atraentes, reais e inerentes ao cotidiano dos alunos.

Referências Bibliográficas

LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. 13 ed. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2004.
PAPERT, S. A Máquina das Crianças: Repensando a Escola na Era da Informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
SANTOS, Maria Eugênia A. et al. Educação e Tecnologia: Unidade Didática – Educação e Tecnologia. In: BARROS, Angela A. et al. Pedagogia: Educação Sem Fronteiras.  Vol. 3. Valinhos: Anhanguera Publicações, 2010.

5 comentários:

  1. Primeiramente, lhe parabenizo pelo artigo.
    Ao ler seu artigo, na parte que fala sobre o conhecimento básico que os alunos devem ter sobre a estrutura e funcionamento das máquinas, me veio um outro problema crítico que se enfrenta na EAD: a pesquisa via internet.
    Não são poucos os plágios que encontramos ao corrigir trabalhos que envolvam pesquisa nos cursos presenciais. Na EAD, até por conta das diversas tecnologias envolvidas, há uma tendência maior a consulta de teses e dissertações, por exemplo.
    Acredito que precisaremos nos munir de ferramentas de detecção altamente eficazes a fim de coibir esse tipo de prática.

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  2. Muito bem colocado profa Jane. Lembro-me de já ter recebido trabalhos dos alunos cuja referência bibliográfica era somente "google.com.br". Precisamos ensinar a nossos alunos como pesquisar e o que são consideradas fontes fidedignas de pesquisa. Também acredito que a EaD, dotada de materiais bem desenvolvidos, fará com que os alunos saibam buscar suas fontes de pesquisa: bancos de dissertações e teses, revistas científicas e anais de congressos científicos.

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  3. Excelente artigo!
    Concordo plenamente na conjugação da informática e das tecnologias de informação para com os métodos pedagógicos.
    Não há mais, atualmente, como proceder nas dinâmicas de sala de aula sem o uso do ferramental tecnológico. Afinal de contas, as crianças já se envolvem com a tecnologia muito antes de ingressarem na escola, ainda entre um a cinco anos.
    O fato é que cabe ao professor aplicar os planos de ensino e aprendizagem ajustados ao uso do computador, para fins de pesquisa, desafios, avaliações, comunicação, experimentação e inovação, para que as aulas sejam produtivas e interessantes. "Lousa e giz" são importantes, mas já deixaram de ser a ferramenta básica (mas sim complementar).
    Cabe a nós professores estarmos atualizados, globalizados e adaptados às novas metodologias e culturas das gerações acadêmicas para que possamos contruir nossos métodos de ensino de forma mais questionadora e desafiadora.
    Parabéns pelo material!

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  4. Obrigada pelos comentários, professor. Abraços!!

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  5. Profª Karin,
    Com o advento e utilização das novas tecnologias, tudo torna-se mais fácil como poderia dizer..."mais na mão".
    Agora o desafio gira em torno de aprendermos como trabalhar com essas novas tecnologias, para que possamos usufruir delas no nosso dia-a-dia.
    Gostei demais do teu artigo.
    Grande abraço.

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